Iniciei recentemente num dos maiores desafios académicos que fui alguma vez confrontado: aprender a realizar Investigação em contexto online (e-Research). Nunca realizei investigação "à séria" (apenas produzi alguns artigos como estudo) e por isso sinto-me um pouco nervoso, pois não tenho sólidos conceitos e metodologias sobre esta matéria. Mas como gosto de desafios e quero desenvolver competências nesta área, pois pretendo realizar investigação no futuro, em paralelo com a produção de conteúdos (a minha zona de conforto), acredito que a disciplina Metodologia de Investigação em Contexto Online, administrada pela Prof.ª Dr.ª Alda Pereira, será uma experiência de aprendizagem muito enriquecedora.
Com o início da disciplina, fui confrontado com o processo de investigação.
Que etapas envolvem este processo, que métodos a utilizar e como analisar criticamente relatórios de investigação?
Antes de responder a estas questões, tive que ganhar uma noção mais consistente sobre o que realmente é a Investigação em contexto online. Ao estudar a bibliografia recomendada, desenvolvi a seguinte ideia:
A investigação e um estudo detalhado de um caso com intuito de descobrir nova informação ou alcançar uma compreensão sobre o mesmo. A função da investigação "não é necessariamente mapear e conquistar o mundo, mas sim sofisticar a sua contemplação". (Stake, p.58)
Os diversos modelos de investigação podem dividir-se, de um modo geral, em investigação qualitativa, quantitativa e mista; o primeiro paradigma baseia-se na recolha de dados qualitativos, ou seja, rico em pormenores descritivos relativos a locais, pessoas e conversas, sendo os seus resultados apresentados sob a forma de relatório narrativo com descrições contextuais. O segundo paradigma baseia-se na recolha de dados quantitativos (ex: questionários de resposta fechada), sendo as suas conclusões normalmente apresentadas sob a forma de relatórios estatísticos. Quanto à investigação mista, envolve ambos os paradigmas, qualitativo e quantitativo, e pode ser mais ou menos influenciada por cada um deles.
Mas o que define a qualidade de uma investigação? Embora existam diferenças entre a investigação qualitativa e a quantitativa, a qualidade é um denominador comum. Existem características importantes a considerar (Anderson, Kanuka, p.3):
- A investigação deve ser relevante, pois relata problemas de interesse para o investigador, a comunidade e outros públicos interessados.
- É focada em encontrar soluções para um problema , mas acaba por despertar novas discussões e pesquisas.
- É sistémica e devidamente estruturada.
- É transparente permitindo aos leitores uma clara compreensão do caso.
- Deve ser disponibilizada ao público para que possa ser um artefacto de estudo para outros.
Mas como desenvolver investigação com recurso a ferramentas tecnológicas? E como integrá-las no processo de investigação?
Da pesquisa realizada sobre o processo de investigação, fui confrontado com a classificação de Quivy e Campenhoudt (1992), cujas etapas para um estudo de investigação podem ser resumidas da seguinte forma:
Etapa 1: Pergunta de Partida
Etapa 2: Exploração (Leituras e Entrevistas Exploratórias)
Etapa 3: Problemática
Etapa 4: Construção do modelo de análise
Etapa 5: Recolha de dados
Etapa 6: Análise dos dados
Etapa 7: Conclusões
No entanto, esta análise é bastante redutora de todo o processo que envolve uma investigação. Ao confrontar esta estrutura com os restantes colegas do meu grupo (Cecília Tomás, Francisco Pereira, Zélia Patrocínio), fomos complementando gradualmente todas estas etapas, recolhendo informações de várias fontes. Através de do trabalho colaborativo realizado pelo grupo, desenvolvemos o seguinte fluxograma representativo do processo de investigação:
De MPeL |
(Clique neste link para visualizar o Fluxograma no seu tamanho real)
Não vou explicar detalhadamente o fluxograma, que por isso só é auto-explicativo. O que pretendo agora reflectir é como será possível integrar ferramentas tecnológicas neste processo:
- Para a pesquisa inicial do problema e estudos relacionados, utilizando motores de busca (ex: Google) e Repositórios online (ex: http://www.rcaap.pt). Para a gestão dessa informação, é possível utilizar serviços de social bookmarking (ex:Diigo) e software de gestão de bibliografia (ex.Mendeley)
- Ao longo de todo o processo é necessário uma análise da documentação e revisão conjunta entre investigadores. A comunicação através de email, file sharing e VOIP permite essa interacção de forma bastante vantajosa.
- A utilização de plataformas de webconference e serviços VOIP são óptimas soluções para a realização de entrevistas, permitindo também o registo digital das mesmas para posterior análise.
- 4. Outra forma de registar dados e informações é utilizando questionários online. Os resultados, mais tarde, poderão ser trabalhados em software de tratamento de dados estatísticos (ex:SPSS) ou em folhas de cálculo (ex:Excel)
- A divulgação da investigação pode ser realizada através da partilha em redes sociais, fóruns e repositórios online.
Esta é primeira reflexão ao meu percurso de aprendizagem sobre a Metodologia de Investigação em Contexto Online, o qual encarei como fundamental para a consolidação de algumas ideias iniciais sobre esta temática.
Referências Bibliográficas:
- Quivy, R.; Campenhoudt, L.V, Manual de Investigação em Ciências Sociais. Gradiva, 1995, Lisboa,http://pt.scribd.com/doc/37937019/Quivy-e-Campenhoudt-Manual-de-Investigacao-em-Ciencias-Sociais
- Anderson, T., Kanuka, H. (2003). e-Research, Methods, Strategies and Issues. USA: Pearson Education
- Stake, R. A arte da Investigação com Estudos de Caso. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian
Trabalho realizado no âmbito do Mestrado Pedagogia do eLearning da Universidade Aberta.
Muito comum, ou seja, bem comum para o que encontramos hj on line!
ResponderEliminarMas quem sabe este aqui Te ajuda
http://mitworld.mit.edu/video/852
Boa sorte, eu ando impaciente com mestrados e doutorados..
De repente trabalho com minhas idéias... A academia nao gosta, mas dane-se